Doenças Mentais Relacionadas à Deficiência de Vitamina B12
- Paulo Desarel
- 16 de out.
- 4 min de leitura
A deficiência de vitamina B12 pode levar a diversas doenças mentais, como
depressão, ansiedade, psicose, demência e delirium. A deficiência pode causar sintomas como irritabilidade, confusão, problemas de memória, dificuldade de concentração e alterações de humor. A falta da vitamina também pode prejudicar a produção de neurotransmissores importantes, como a serotonina e a dopamina.
Doenças mentais associadas
Depressão: Baixos níveis de vitamina B12 estão associados ao desenvolvimento de sintomas depressivos. A suplementação pode ajudar no tratamento da depressão.
Ansiedade: A deficiência de B12 pode causar ansiedade, especialmente em populações de risco.
Demência: A deficiência de vitamina B12 é uma causa tratável de demência, principalmente em idosos.
Psicose: Em casos mais graves, a falta de B12 pode levar a psicose, incluindo delírios e alucinações.
Delirium: A deficiência avançada da vitamina pode causar delirium, um estado de confusão aguda e desorientação.
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A vitamina B12 (cobalamina) é essencial para o funcionamento adequado do sistema nervoso central e para o equilíbrio neuroquímico cerebral. A deficiência dessa vitamina está associada a diversas manifestações neuropsiquiátricas, incluindo depressão, ansiedade, transtornos cognitivos e psicose. Este artigo revisa os principais mecanismos fisiopatológicos que relacionam a deficiência de B12 com distúrbios mentais, destacando os grupos de risco, os sintomas clínicos e as estratégias de diagnóstico e tratamento.
1. Introdução
A vitamina B12 é um micronutriente hidrossolúvel obtido principalmente a partir de alimentos de origem animal. Ela atua como cofator em reações metabólicas essenciais para a síntese de DNA, formação de glóbulos vermelhos e metabolismo de ácidos graxos e aminoácidos. No sistema nervoso, a B12 é indispensável para a produção de mielina e para a manutenção da integridade neuronal.
A deficiência dessa vitamina tem sido amplamente associada a manifestações neuropsiquiátricas, muitas vezes precedendo sinais hematológicos clássicos, como anemia megaloblástica. Isso reforça a importância do rastreamento clínico e laboratorial em pacientes com sintomas mentais inexplicáveis.
2. Mecanismos Neurobiológicos
A deficiência de vitamina B12 interfere no metabolismo da homocisteína e do ácido metilmalônico. O acúmulo dessas substâncias é neurotóxico e pode causar dano axonal e desmielinização.
Além disso, a B12 participa da conversão de homocisteína em metionina, etapa crucial para a produção de S-adenosilmetionina (SAM), um doador universal de grupos metil envolvidos na síntese de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. A carência de B12, portanto, reduz a disponibilidade de SAM e compromete a neurotransmissão, o que pode contribuir para quadros de depressão e ansiedade.
3. Manifestações Psiquiátricas
Os sintomas mentais associados à deficiência de B12 são variados e incluem:
Depressão: Redução de serotonina e dopamina está diretamente ligada ao humor deprimido e à anedonia.
Ansiedade e irritabilidade: Alterações neuroquímicas e inflamatórias afetam o equilíbrio emocional.
Transtornos cognitivos: A disfunção mielínica e o estresse oxidativo prejudicam memória e atenção, podendo simular quadros de demência.
Psicose: Casos mais graves apresentam delírios, alucinações e desorganização do pensamento (Allen, 2008).
Essas manifestações podem ocorrer mesmo com níveis séricos de B12 considerados “limítrofes”, o que reforça a necessidade de avaliação clínica detalhada.
4. Grupos de Risco
A deficiência de vitamina B12 é mais prevalente em:
Idosos, devido à redução da absorção gástrica.
Vegetarianos e veganos, pela exclusão de fontes alimentares naturais de B12.
Pacientes com doenças gastrointestinais (como gastrite atrófica, doença celíaca e doença de Crohn).
Usuários crônicos de medicamentos, como metformina e inibidores da bomba de prótons.
5. Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico baseia-se na dosagem sérica de vitamina B12, homocisteína e ácido metilmalônico. Valores inferiores a 200 pg/mL são geralmente considerados deficientes, embora manifestações clínicas possam surgir em níveis superiores.
O tratamento envolve suplementação oral ou intramuscular de cobalamina, dependendo da causa e da gravidade da deficiência. A melhora dos sintomas psiquiátricos pode ocorrer em poucas semanas, embora alguns casos exijam acompanhamento prolongado.
Como o nosso cérebro reage?
Quando há falta de vitamina B12, o cérebro reage de várias maneiras, tanto químicas quanto estruturais. Vamos ver passo a passo o que acontece:
🧠 1. Alterações neuroquímicas
A vitamina B12 é essencial para a produção de neurotransmissores — substâncias como serotonina, dopamina e noradrenalina, que controlam o humor, a motivação e a atenção.
Quando a B12 está em falta, a produção desses neurotransmissores diminui, e o cérebro começa a funcionar de forma mais lenta.
Isso pode causar depressão, ansiedade, irritabilidade e fadiga mental.
⚡ 2. Aumento da homocisteína
Sem B12 suficiente, o corpo não consegue converter homocisteína em metionina.
A homocisteína se acumula no sangue e é tóxica para os neurônios.
Esse excesso provoca inflamação cerebral e estresse oxidativo, que danificam as células nervosas.
🧩 3. Comprometimento da mielina
A B12 é necessária para formar e manter a bainha de mielina, uma camada de gordura que envolve e protege as fibras nervosas.
Quando essa bainha se deteriora, os impulsos elétricos do cérebro ficam mais lentos e desorganizados.
Isso causa problemas de memória, concentração, coordenação motora e até formigamentos nas extremidades (sintomas neurológicos).
💭 4. Disfunção cognitiva e emocional
Com os neurônios prejudicados e a comunicação cerebral falhando:
O hipocampo (responsável pela memória) tem sua atividade reduzida.
O córtex pré-frontal (ligado à tomada de decisões e autocontrole) perde eficiência.
O sistema límbico, que regula as emoções, fica desbalanceado.
Essas alterações explicam por que pessoas com deficiência de B12 podem apresentar desde apatia e esquecimento até confusão mental e alucinações em casos graves.
🔄 5. Reversibilidade
A boa notícia é que, quando tratada precocemente, a deficiência de vitamina B12 pode ser totalmente revertida.
Após a reposição da vitamina, o cérebro consegue restabelecer o equilíbrio químico e reparar parcialmente a mielina, melhorando os sintomas mentais e cognitivos em poucas semanas.
Jamais se automedique. Sempre consulte um profissional de saúde.



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